Processos Vitais

A colagem de grandes dimensões ( 250 cm x 210 cm ) está dividida visualmente em dois grandes planos, superior, com tons azuis dominantes, com céu, nuvens, figuras humanas e elementos etéreos e outro inferior, com predominância de verdes e vermelhos, com flores, vegetação, retratos, colagens de revistas, esculturas clássicas, entre outros.

A obra é composta a partir da junção de diversas outras obras produzidas ao longo dos últimos 10 anos. A camada posterior, que pouco aparece na obra, é formada por pinturas maiores em óleo ou acrílica sobre tela. Mais a frente, em sua totalidade ou fragmentadas, desenhos, pinturas e impressões fotográficas são adicionadas. A justaposição de rostos e corpos com elementos naturais e modernos cria um contraste entre o corpo idealizado e a realidade contemporânea fragmentada.

Rubem traz nesta obra duas questões que permeiam sua pesquisa e produção visual, identidade e território ( geográfico e simbólico). Diversas faces humanas aparecem fragmentadas, misturadas, sobrepostas ou recompostas, como no rosto central. O uso de rostos que combinam colagens, pintura e desenhos traz identidades múltiplas, construídas, desconstruídas e reconstruídas.

Referências estéticas e influências que passam pelo Renascimento, Expressionismo, Surrealismo, Cubismo e Arte Contemporânea contribuem de alguma forma nesta composição. Esta colagem é uma obra rica, densa e profundamente simbólica, que convida o espectador a contemplação e múltiplas leituras. A obra pode provocar uma sensação de intensidade emocional, talvez até de sobrecarga sensorial. Há tanto para ver que o olhar precisa vagar lentamente, descobrindo detalhes aos poucos, o que gera um envolvimento quase meditativo com a peça. Ela mistura beleza e inquietação, ordem e caos, como a experiência humana.